José Pedro Kuhn*
As mudanças propostas para aposentadoria pelo governo federal através da Reforma da Previdência impactam fortemente os aposentados, pensionistas e idosos brasileiros. Sempre quando ocorrem projetos para alterar a legislação na Previdência Social, devemos nos questionar: o que significa o benefício para os aposentados?
Atualmente, são 35 milhões de benefícios pagos pela Previdência Social. Deste número, quase 65% equivalem a um salário mínimo. É importante destacar que pelo menos 10,8 milhões de brasileiros dependem da renda de aposentadorias para sobreviver. Em 2017, houve o crescimento de 12% no número de residências onde mais de 75% da renda vem de aposentadoria. No total, são 5,7 milhões de famílias.
O projeto do governo federal coloca em risco a sobrevivência de milhões de famílias brasileiras. O custo da Reforma da Previdência é altíssimo. A transição para o regime de capitalização, segundo especialistas consultados pelo jornal O Globo, deve custar aos cofres públicos, aproximadamente R$ 6,6 trilhões, quase sete vezes a economia pretendida pelo governo em dez anos com a reforma. Se cada trabalhador e trabalhadora contribuir para a sua própria aposentadoria, de onde virá a receita que paga os salários dos aposentados e pensionistas de hoje? Como será pago o benefício de mais de 35 milhões de brasileiros que contribuíram durante uma vida inteira para a construção deste país?
Mudanças tão radicais propostas pelo governo acabam com o poder de compra dos aposentados. Retirar as regras da Previdência Social da Constituição Federal deixa os benefciários sujeitos à boa vontade do governo. Defendemos uma reforma debatida em conjunto com a sociedade. O problema não são os aposentados e sim a má gestão e a administração dos recursos da Previdência Social.
*Presidente da Federação dos Trabalhadores Aposentados e Pensionistas do Estado do RS (FETAPERGS)