APOSENTADOS TAMBÉM SÃO CÉLULAS DE TRANSFORMAÇÃO DESTE PAÍS
Presidente em exercício da COBAP estuda a possibilidade de fazer denúncia à Corte Interamericana em razão da reprovação da Desaposentação
Por Carlos Olegário Machado Ramos
Durante minha vida travei batalhas difíceis, superei diversos obstáculos e muitas vezes obtive conquistas para o segmento que defendo.
Acabo de assumir de forma interina a Presidência da COBAP, uma responsabilidade enorme, pois trata-se da maior confederação da América Latina. Confesso que é uma missão árdua, pedregosa e que tira o sono.
Ser o “porta voz dos aposentados” é um desafio gigantesco, ainda mais no momento turbulento e caótico que atravessa o Brasil.
Nestes tempos de crise, de juros exorbitantes, queda na produção e no consumo, aumento do desemprego, é o segmento dos aposentados que mais sofre com a recessão.
Em razão da necessidade, nós aposentados somos obrigados a voltar a trabalhar para sustentar nossas famílias e ajudar os filhos e netos.
Também somos nós quem mais sofremos com o duro golpe do Supremo Tribunal Federal, que suspendeu a Desaposentação, impedindo o aposentado que continua trabalhando e contribuindo com a Previdência em adquirir um benefício mais justo.
Acompanhei de perto o julgamento final da Desaposentadoria. Fiquei perplexo e decepcionado com os ministros do STF, que praticaram um tremendo ato de injustiça. Foi uma ducha de água fria que prejudicou milhões de brasileiros.
Diante desta decisão, a COBAP estuda a possibilidade de fazer uma denúncia à Corte Interamericana de Direitos Humanos, pois a rejeição da desaposentação feriu o direito à dignidade humana do aposentado.
No campo político, redobramos a vigilância no Congresso Nacional. Lutamos na Câmara dos Deputados contra a PEC 241. Fomos derrotados, porém não esmorecemos. Estamos articulando no Senado, na tentativa de impedir que seja aprovada a mesma proposta de emenda constitucional, agora denominada PEC 55.
Discordamos de quase todos os pontos deste medida. Não é justo que os trabalhadores e pobres, aqueles que mais necessitam, tenham que "pagar o pato" pelo descontrole de gastos do governo. Essa PEC beneficia os detentores do capital financeiro, quando não coloca teto para pagamento de juros, não taxa grandes fortunas e não propõe auditar a dívida pública e nem mesmo executar os grandes devedores da Previdência.
É inadmissível congelar os investimentos em Saúde e Educação. Na minha terra natal, o Rio Grande do Sul, a exemplo de outros estados, muitos hospitais não terão condições de contratar mais médicos, comprar equipamentos e nem mesmo oferecer um atendimento satisfatório aos usuários do SUS.
Perseverantes, nossas federações e associações de base continuarão protestando pelo reativação do Ministério da Previdência Social, que foi extinto de maneira irresponsável e desrespeitosa.
A COBAP também é contra a Reforma da Previdência Social e vai continuar lutando pela manutenção dos direitos adquiridos e por reajustes maiores aos aposentados e pensionistas.
Encerro este texto citando uma frase da saudosa e inesquecível Zilda Arns: “O trabalho social precisa de mobilização das forças. Cada um colabora com aquilo que sabe fazer ou com o que tem para oferecer. Deste modo, fortalece-se o tecido que sustenta a ação e cada um sente que é uma célula de transformação do país”.
Muito obrigado pela atenção!
Carlos Olegário é autor deste artigo, exerce interinamente o comando da COBAP e é Presidente da Associação de Trabalhadores Aposentados e Pensionistas de Canoas (ATAPEC)
Fonte: COBAP