Se com um salário de cerca de R$ 30 mil por mês uma ministra não consegue se alimentar, imaginem os 34 milhões de segurados do Regime Geral da Previdência Social que ganham um salário mínimo por mês de R$ 937. O momento é cômico, para não citar algo pior.
Enquanto que a ministra possui todas as regalias de um funcionário do Poder Executivo, como carro com motorista, jatinho da Força Aérea Brasileira (FAB), cartão corporativo e imóvel funcional, o que sobra para o aposentado que contribuiu por dezenas de anos com o cofre da Previdência Social? Esses mágicos da vida real sobrevivem com cerca de 3% do seu salário mensal acumulado.
Vamos falar de trabalho escravo? Ao citar que “sem sombra de dúvida” a sua situação se assemelha com essas condições de trabalho, ela não pensou na Reforma da Previdência que está no Congresso Nacional. A expectativa de vida dos homens no estado do Alagoas é de 66 anos, de acordo com números do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A reforma propõe uma idade mínima de 65 anos. Ora, trabalhar ininterruptamente no estado nordestino, ganhar um salário mínimo pela vida inteira e usufruir da aposentadoria por cerca de um ano não deve ser tarefa fácil. O que pedimos é respeito aos brasileiros que sobrevivem com 937 reais por mês, que juntam seu dinheiro para comprar remédios, se alimentar e contribuir com o sustento da sua família.
Respeitável público, talvez o Brasil figure no Guinness Book com o maior número de mágicos no planeta. Enquanto a ministra precisa se apresentar “trajada dignamente”, o aposentado precisa sobreviver dignamente.
