Cresce número de idosos no mercado de trabalho da Grande Porto Alegre
Aumento da representatividade deste público na população gaúcha resultou na maior presença daqueles que estão acima dos 60 anos de idade na população economicamente ativa
A população com idade a partir dos 60 anos está mais presente no mercado de trabalho da Região Metropolitana de Porto Alegre, de acordo com o Informe Especial da Pesquisa de Emprego e Desemprego (PED)-RMPA, divulgado ontem pela Fundação de Economia e Estatística (FEE).
Os dados da PED revelam que o envelhecimento da população observado nas últimas décadas alterou a pirâmide etária da região. Houve aumento de 442 mil pessoas idosas entre 1993 e 2014, ou seja, um crescimento de 181,1% — enquanto isso, o aumento da população total foi de 22,9%.
A proporção de idosos em 1993 era de 7,9%. Já em 2014, saltou para 18% da população total da Região Metropolitana. As mulheres predominam na população dessa faixa etária — são 60,3% do total de idosos.
Essa mudança impactou a composição da População Economicamente Ativa (PEA). São mais pessoas acima de 60 anos (+194,4%) e menos indivíduos abaixo de 15 (-86,0%) e entre 16 e 24 (-7,3%) no mercado de trabalho. Desta forma, a proporção dos idosos no total da PEA mais que dobrou, passando de 2,5%, em 1993, para 5,7% em 2014.
Mas essa (re)inserção dos mais maduros no mercado de trabalho se dá em condições desfavoráveis, explica a pesquisadora responsável pelo estudo, socióloga Norma Kieling:
— Há menores possibilidades de emprego, vínculos empregatícios mais frágeis, postos de trabalho menos qualificados e, não raro, principalmente para as mulheres, remunerações inferiores.
Embora tenha registrado melhora na qualidade da ocupação nas últimas duas décadas, a população idosa ainda está em posições mais precarizadas no mercado de trabalho comparada à população total.
Em 1993, eram 52,5%. Em 2014, são 47,7% as pessoas com mais de 60 anos assalariadas sem carteira assinada, autônomas, empregadas domésticas e trabalhadores familiares sem remuneração, contra 26,5% da população total.
Com relação aos rendimentos, entre 2011 e 2014, houve aumento de 2,1% acima do total de ocupados. O rendimento médio dos idosos aumentou para R$ 1.929.
As trabalhadoras idosas seguem ganhando menos. O diferencial de rendimento por sexo é mais intenso entre os idosos. No período 2011-2014, a trabalhadora idosa recebia R$ 1.619, correspondentes a 69,5% da remuneração masculina (R$ 2.328), enquanto, no total da população, as mulheres recebem em média 75,2% do rendimento dos homens.
Para Norma, a nova realidade demográfica deve inspirar políticas públicas e sociais que melhorem a inserção dos idosos no mercado de trabalho, buscando qualificação no nível educacional e empregos adaptados às necessidades desse contingente.
— A tendência é que tenhamos redução da população economicamente ativa e, portanto, será necessário intensificar a produtividade. Isso só se conquista com aposta na qualidade da educação — afirma.
A pesquisa é executada pela FEE em convênio com a Fundação Gaúcha do Trabalho e Ação Social (FGTAS), Dieese, prefeitura de Porto Alegre e Fundação Sistema Estadual de Análises de Dados (Seade/São Paulo), com apoio financeiro do Ministério do Trabalho e Emprego/Fundo de Amparo ao Trabalhador.
Síntese Ilustrada: Evolução demográfica e reflexos no mercado de trabalho
Entre 1993 e 2014, houve mudanças no comportamento das variáveis demográficas em função da redução dos níveis de fecundidade associada à queda da mortalidade. Essas mudanças causam reflexos no mercado de trabalho, com aumento do número de idosos (60 anos e mais) e redução da população jovem.
A evolução demográfica da população total da Região Metropolitana de Porto Alegre (RMPA) pode ser observada no comparativo das pirâmides etárias entre 1993 e 2014:
Região Metropolitana de Porto Alegre
O incremento da população de idosos na RMPA foi de 442 mil pessoas em duas décadas
Mulheres predominam na população de idosos na RMPA (2014)
AUTÔNOMOS
30,6% dos idosos são trabalhadores autônomos, contra 14,1% no total da população ocupada.
Aumento
Entre 2011 e 2014, o rendimento médio dos idosos aumentou para R$ 1.929: 2,1% acima que o do total de ocupados.
Renda
Idosos ocupados e que possuem aposentadoria e/ou pensão (R$ 3.591): renda 90% maior que a do total de ocupados da região.
Sexo
O diferencial de rendimento por sexo é mais intenso entre os idosos. Em 2011-14, a trabalhadora idosa recebia (R$1.619) o correspondente a 69,5% da remuneração masculina (R$2.328), enquanto no total da população ocupada, elas recebem em média (R$1.605) o equivalente a 75,2% do rendimento dos homens (R$2.133).
Expediente
Informativo elaborado pelo pelo Centro de Informação e Comunicação da FEE.
Pesquisadora responsável: Norma Herminia Kreling
Jornalista responsável: Sandra Bitencourt
Projeto gráfico e diagramação: Gabriela Santos
Fale conosco: O endereço de e-mail address está sendo protegido de spambots. Você precisa ativar o JavaScript enabled para vê-lo.
Fonte: Diário Gaúcho/Fundação de Economia e Estatística (FEE)